sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Mataram o Rei!!!

Ainda corria o ano de 1907 e Portugal "entra" na ditadura franquista. D. Carlos empenhou-se e apostou no êxito - que esperava - João Franco viria a ter. Mas este iria governar com a oposição dos dois partidos monárquicos e do partido republicano. A 6 de Junho João Franco fez dissolver a Câmara de Lisboa. A medida só veio aumentar na população da capital o ódio contra o franquismo. D. Carlos era acusado de cobrir com o poder moderador, a ditadura. O director do jornal "A Beira" escrevia então: " Que Deus guarde a cabeça de El-Rei, que os homens não podem já salvar-lha".

No Outono de 1907, a cruzada da rainha D. Amélia contra Franco já não era segredo para ninguém. Por seu lado D. Carlos dava uma entrevista ao jornal francês Temps, em que afirmava não só, que não ia demitir o governo, como apoiava João Franco. Por esses dias, poder-se-ia descrever Portugal como " uma monarquia de antimonárquicos". Na corte o antifranquismo imperava: essa frente incluía a rainha, os palacianos, os altos funcionários "rotativos" para além do Partido Republicano.

Um acidente com explosivos a 17 de Novembro de 1907, deu-se na casa de uma amante do secretário de Alpoim. Francisco Grandela, amigo de Afonso Costa, financiava a compra de explosivos e armas.

A maçonaria, anarquistas, operários e oficiais do exército, todos conspiravam contra o regime. Neste crescendo revolucionário, e após contactado Afonso Costa, ficou acordado o levantamento para o dia 28 de Janeiro de 1908. Conspiravam carbonários, republicanos e dissidentes progressistas. A ideia seria o rapto (ou assassinato) de João Franco. Mas nessa tarde, Franco encontrava-se em casa da sogra e os revolucionários não o encontraram em sua casa. O movimento inusitado à porta do elevador da casa acabou por intrigar a polícia. Afonso Costa foi capturado pela polícia, num total de 120 detidos.

No Governo Civil a opinião geral era que ao invés de prenderem Afonso Costa, "deviam tê-lo deixado fugir".Mas o pânico na guarda municipal ainda era maior. "Só rebentam bombas em Lisboa quando Franco está no poder", era a palavra que corria na classe média. A 31 de Janeiro, em Vila Viçosa o Governo assinava um decreto para poder expulsar do reino os implicados na conspiração.
Correntes há que atribuem a morte de D. Carlos à assinatura do diploma. Mas é duvidoso que se pudesse evitar a tragédia.

O Regicídio já tinha sido previsto no romance " Marquês da Bacalhoa" , de Setembro de 1907.
Em 1903 aquando do assassinato da família real da Sérvia, nos jornais em Lisboa perguntava-se? "Quando se faz por cá o mesmo?"

O rei era o alvo, não João Franco.Os assassinos pertenciam a lojas maçónicas republicanas. Alfredo Costa era um activista, amigo de Aquilino Ribeiro que por sua vez era padrinho de um dos filhos de Manuel Buíça. Dia 1 de Fevereiro de 1908: a família real regressava de Vila Viçosa, de comboio. No Terreiro do Paço passaram para carruagens , em direcção à Praça do Município. O caixeiro Alfredo Costa saltou para o estribo da carruagem e disparou contra o rei.

Debaixo de uma arcada, Manuel Buíça, professor do ensino secundário, disparou contra o príncipe herdeiro D. Luís Filipe. D. Manuel também ficara ferido. O relógio marcava as cinco horas da tarde. O rei estava morto e o príncipe agonizava. A carruagem à desfilada, partia para o Arsenal.

Tivesse D. Carlos sobrevivido ao drama e será que teria havido o 5 de Outubro?

Bibliografia citada:
História de Portugal, vol. X, Joaquim Veríssimo Serrão
História de Portugal, sexto vol., direcção de José Mattoso, coordenação de Rui Ramos


Créditos: Águas Límpidas

2 comentários:

Anónimo disse...

Uma exposição sucinta e esclarecedora, que enquadra os menos informados sobres esta matéria.
O Regicidio conduziu à implantação inevitável da República, com a instauração da politica de bastidores tipica da maçonaria, que é hoje o modelo que ainda prevalece. Adormeceu durante a 2ª República, mas voltou em força e ressabiamento potenciados, no pós-25 de Abril.
São os coveiros da Nação Portuguesa!

Parabéns ao autor do texto

Anónimo disse...

A maçonaria continua hoje, o processo que iniciou durante a Monarquia, de manipular segundo a sua lógica, o funcionamento da sociedade.
O Franco, que os conhecia bem, esquivou-se ao atentado, o Rei que «jogava limpo», porque quem não deve não teme, tombou ante os assassinos.
Nesse dia tombou com ele, toda uma Nação!!!!!!!!