segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Antigos cinemas de Lisboa encontram-se ao abandono

Ir ao cinema em Lisboa é, em 2009, uma experiência radicalmente diferente do que em décadas anteriores. São muitos os antigos cinemas da capital que entretanto foram desactivados, encontrando-se muitos espaços, inclusive, ao abandono.

Os antigos cinemas de Lisboa vivem actualmente três cenários distintos: uma ínfima parte continua em actividade, uns fecharam e viram o seu espaço reutilizado, e diversos outros encontram-se actualmente ao abandono, com situações urbanísticas indefinidas ou pendentes.

Londres, São Jorge, King e Monumental, com maiores ou menores alterações, são dos poucos espaços resistentes de outros tempos, sobrevivendo num tempo dominado pelos cinemas em grandes superfícies comerciais.

Para o crítico e divulgador de cinema João Lopes, o cinema enquanto «fenómeno de consumo mudou radicalmente» nos últimos anos, predominando actualmente um «público acidental», que consome a sétima arte «como uma variante do consumo dos grandes centros comerciais».

«As salas isoladas passaram a ser pouquíssimas porque cinema passou a ser concebido como uma variante do género de oferta comercial dos grandes espaços», frisou o crítico, distinguido este ano pela Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) pela sua actividade como divulgador de cinema.

João Lopes partilhou com a agência Lusa uma memória vivida num dos antigos cinemas de Lisboa, que actualmente já não existe, o Alvalade: «Recordo-me de ver lá o 'Suspeita', de Hitchcock, filme do começo da década de 1940 que vi algures durante o Verão de 1972 no Alvalade. Era um cinema arquitectonicamente muito especial.

Tinha durante o Verão uma política de reposições e esta é uma memória que evoca o consumo de cinema com valores completamente diferentes dos de agora», frisa.

O antigo Condes, que fechou em 1996, foi transformado em 2003 no Hard Rock Café, que alterou radicalmente o espaço da Avenida da Liberdade.

O Cinema Império, por seu turno, foi adquirido no começo dos anos 1990 pela Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), que fez do edifício na Avenida Almirante Reis a sua sede em Lisboa.

Já o Olympia, inaugurado em 1911, foi um espaço que viveu diferentes etapas: foi um local cultural por excelência, até que no pós-25 de Abril começou a projectar filmes pornográficos. Foi abandonado em 2001 e, em 2008, o encenador Filipe La Féria adquiriu o espaço, que será reconvertido num espaço teatral com sala de espectáculos e uma escola de artes cénicas.

No bairro de Campo de Ourique existem dois antigos cinemas que marcaram a vida cultural de Lisboa: o Cinema Europa e o Cinema Paris.

No caso do Europa, têm sido diversos os intervenientes culturais da capital a defender a reactivação do espaço como palco para um conjunto de indústrias criativas.

O caso do Quarteto, o primeiro multiplex de Portugal, é diferente: o espaço foi encerrado no final de 2007 por falta de condições de segurança, sobretudo de prevenção de incêndios. Na ocasião, o fundador do Quarteto, Pedro Bandeira Freire, tentou superar as adversidades técnicas, mas em Março de 2008 o responsável do espaço - que viria a falecer um mês depois - fechou a cadeado as portas do Quarteto.

Éden, Apolo 70, Roma, Star, Odeon, Castil, Cine-Estúdio 222, Jardim-Cinema, foram outros cinemas, entretanto desactivados, que marcaram a vida cultural de Lisboa no século XX.

Diário Digital / Lusa

1 comentário:

Marick disse...

É triste ver tanta coisa que pertence à história de Lisboa, a minha cidade, estar a desaparecer enquanto chineses, monhés, e entre outros estrangeiros estarem a invadir tudo sem qualquer respeito ou atenção pela cidade que depois de 2 anos fecham as portas para escapar aos impostos e deixam os locais ao abandono. O comércio histórico de Lisboa está a ser destruído devido a falta de apoios para comerciantes portugueses.

Só gostava de saber qual os planos do Sr. António Costa para além de massacrar e arruinar a minha cidade!