domingo, 14 de outubro de 2012

Foi há 91 anos o desastre de Campo de Ourique

Lisboa, Campo de Ourique - 1921
UMA GRANDE PROVA DE ESFORÇO E SOLIDARIEDADE
Fotos: Ilustração Portugueza




A Ilustração Portugueza chamou-lhe "O desastre de Campo de Ourique". Um prédio em
construção, naquele bairro lisboeta, desabou parcialmente, ficando soterrados debaixo dos escombros vários operários que trabalhavam na obra.
A tragédia deu-se no dia 14 de Outubro de 1921, na Rua Correia Teles. Eram 10,45 horas, quando ecoou um "ruído formidável".



Aparentemente sólida, a edificação em causa transformou-se, como é visível, na sua esmagadora maioria, num "colossal monte de entulho". Do interior deste, ouviam-se gritos de socorro. Pouco tempo depois chegavam ao local, para prestarem auxílio, meios dos Bombeiros Municipais de Lisboa, actual Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa, que vieram a ser apoiados pelos Bombeiros Voluntários de Campo de Ourique - Cruz Branca (desde 3 de Julho de 1921 aquartelados na própria Rua Correia Teles) e dos extintos Bombeiros Voluntários de Campolide (ambos os corpos de bombeiros integravam a Divisão Auxiliar dos Bombeiros Voluntários de Lisboa).

As imagens que reproduzimos, então publicadas na Ilustração Portugueza, dão uma ideia precisa da dimensão do sinistro, o qual exigiu ainda a intervenção do Batalhão de Sapadores de Caminhos de Ferro e da Cruz Vermelha Portuguesa, para além da Guarda Nacional Republica e, supomos, da então Polícia Civil de Lisboa, antecessora da Polícia de Segurança Pública.



O Diário de Lisboa do próprio dia do desabamento salienta que todos revelaram "o maior espírito de sacrifício", num contexto absolutamente crítico, credor da máxima resistência física e emocional.



Acção penosa para os bombeiros municipais e voluntários de Lisboa
Apenas cerca do meio-dia principiaram os trabalhos de salvamento, sob o risco de outros desabamentos, colocando-se desde logo várias dificuldades, nomeadamente na detecção das vítimas.

Uma hora mais tarde, após a dura remoção de escombros - com recurso, apenas, a pás, enxadas e picaretas - foram retirados os primeiros operários, infelizmente, já cadáveres.

O balanço inicial saldou a existência de três mortos e outros tantos feridos, que antes de transportados para o Hospital de S. José receberam tratamento no Posto de Socorros da Cruz Branca (localizado na Rua Ferreira Borges). Porém, nos dias seguintes, a contagem aumentou para cinco vítimas mortais, confirmando-se as suspeitas de que mais operários haviam perecido entre o turbilhão de destroços.

Segundo informação veiculada pelo Diário de Lisboa, por determinação do comandante dos bombeiros, foi ordenada a demolição do que restou do edifício, para evitar a repetição de quaisquer acidentes.

Refere ainda aquele periódico que o desabamento resultou de deficiências de construção, motivadas pela fraca qualidade dos materiais utilizados, tendo sido tomadas diligências pelas autoridades policiais com vista ao apuramento de responsabilidades junto de dois mestres de obra, proprietários do prédio.

O caso, polémico, gerou protestos de indignação em ruas de Lisboa, culpando os construtores, ao tempo apelidados de "gaioleiros", por esta e outras derrocadas ocorridas nas áreas de Campo de Ourique e de S. Bento.

Sem comentários: