O presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML), Delfino Serras, afirmou hoje que a eliminação da recolha de lixo ao sábado vai provocar "graves danos na saúde pública".
A possibilidade de eliminar, fora dos bairros históricos, a recolha do lixo ao sábado foi anunciada pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, a par de outra medida, a redução da semana de trabalho para quatro dias, para reduzir os gastos na autarquia.
Para Delfino Serras, "a medida de deixar de recolher o lixo ao sábado é um contrassenso daquilo que foi o investimento que a câmara tem feito nos últimos anos".
"Cidade cheia de lixo"
A recolha do lixo que, nalgumas zonas da cidade, era realizada dois a três dias por semana passou a ser feita diariamente, exemplificou.Para Delfino Serras,
"esta medida vai provocar graves danos na saúde pública": "Vamos ter a cidade durante o fim de semana completamente cheia com sacos de lixo, que pode ser doméstico mas também pode ser lixo muito perigoso para a população".
O sindicalista manifestou também preocupação com a redução para quatro dias de trabalho, apesar de António Costa já ter garantido que esta medida só pode ser aplicada com a concordância do trabalhador.
"Registamos com agrado que o Sr. presidente diga que as pessoas só vão se quiserem", mas há situações que poderão tornar esta medida "repressiva", sublinhou.
"Se num edifício há muitos trabalhadores a aderir a esta medida mas há três ou quatro que não aceitam, o edifício não pode fechar e continua a ter as despesas inerentes de telefone, água, eletricidade", exemplificou.
Portanto, sublinhou, "poderá haver uma coação para que os trabalhadores saiam voluntariamente ou sejam transferidos de serviço".
"Pode ser uma medida que se pode tornar repressiva, temos de perceber o que isso quer dizer", alertou, considerando esta situação "extremamente preocupante".
Semana de quatro dias
Por outro lado, rematou, esta medida também afecta a população porque fica com menos um dia para tratar dos seus assuntos, uma vez que a câmara está fechada.
António Costa emitiu um despacho a 14 de outubro dirigido a todas as Direcções Municipais para que realizem uma análise do impacte financeiro em 2012 de uma semana de quatro dias para os serviços não operacionais.
António Costa determina ainda no despacho "a proibição de autorização
da prestação do trabalho extraordinário", à excepção dos Bombeiros Sapadores e Polícia Municipal ("até à implementação das alterações nos respectivos regimes de horário") e de trabalhadores afectos à secretaria-geral "em situações pontuais e esporádicas", como reuniões e assembleias municipais ou eventos públicos.
Delfino Santos também manifestou preocupação com esta medida, lembrando que, actualmente, os bombeiros já fazem quatro turnos, cobrindo as 24 horas da cidade.
"O presidente da Câmara quer mudar para cinco turnos mas com o mesmo número de trabalhadores", afirmou o sindicalista, lembrando que os turnos têm, em média, 15 trabalhadores.
"Se esta medida avançar serão sete ou oito trabalhadores por turno. Portanto, a resposta que se possa dar à cidade em termos de segurança vai ser muito reduzida e pondo em perigo de vida algumas situações", acrescentou. (EXPRESSO)