sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Procuradoria geral da republica investiga suspeitas de corrupção na Câmara de Lisboa

A Unidade Especial de Investigação (UEI), coordenada por Maria José Morgado, está a investigar dois processos de loteamento na zona oriental de Lisboa, aprovados em 2006 pelo executivo liderado por Carmona Rodrigues. Num dos casos, o promotor é a Gesfimo, empresa do Grupo Espírito Santo, e, segundo a procuradora do processo, existem suspeitas de "corrupção passiva e activa e tráfico de influências". Paralelamente existe outro inquérito sobre outra operação loteamento, impulsionada pela Obriverca, aprovada e desaprovada no espaço de um mês.

O primeiro caso remonta a 2006, quando a Câmara de Lisboa, liderada por Carmona Rodrigues, aprovou um Pedido de Informação Prévia (PIP) apresentado pela Gesfimo, empresa do Grupo Espírito Santo, relativa a uma operação urbanística de loteamento de uma área de terreno na zona oriental de Lisboa. O processo foi levado a reunião de câmara, tendo obtido oito votos contra e nove a favor. Este pedido da Gesfimo só foi possível porque, três anos antes, a autarquia, com Santana Lopes na presidência, aprovou uma alteração ao Plano Director Municipal que deu uma capaciade construtiva, de 50%, a terrenos que, anteriormente, eram solos industriais.

Num ofício enviado ao juiz de instrução do processo "Portucale", a procuradora da UEI pede cópias dos emails apreendidos a José Manuel de Sousa (arguido naquele processo), administrador da Gesfimo, argumentando: "Investiga-se a aprovação pela CML da proposta 510/2006 relativa a operação de loteamento promovida pela Gesfimo na zona oriental de Lisboa por existirem suspeitas de violação do PDM e por tais loteamentos se encontrarem em locais previstos para a construção do TGV, sendo que tal aprovação veio beneficiar ilegitimamente entidades privadas, designadamente a Gesfimo".

A magistrada afirma ainda que os factos em causa "poderão configurar a prática de crimes de corrupção passiva e activa e de tráfico de influências". Segundo informações recolhidas pelo DN, o processo da Gesfimo encontra-se na Polícia Judiciária, estando a ser alvo de uma análise por um arquitecto, contratado como perito. Os investigadores procuram estabelecer uma relação entre a aprovação da CML e eventuais vantagens para os promotores, sabendo-se que os terrenos já integravam a rota do TGV. Contactado pelo DN, Carmona Rodrigues garantiu que nunca foi ouvido, seja como testemunha ou arguido, em nenhum processo relacionado com o assunto. O mesmo afirmou José Manuel de Sousa, administrador do Grupo Espírito Santo: "Nem sequer sabíamos da existência de qualquer inquérito relacionado com esta operação", segundo o gabinete de imprensa do GES. A mesma fonte adiantou que a operação de loteamento ainda está em apreciação pela Câmara Municipal de Lisboa.

No segundo caso, que envolve a Lismarvila, uma sociedade do universo da Obriverca, a situação é, em tudo semelhante. Mas os terrenos estão situados na antiga fábrica nacional de sabões. Também foi aprovado um loteamento para um conjunto de terrenos que integravam a zona do TGV. A aprovação aconteceu em Novembro de 2006 mas, um mês depois, a autarquia recuou. Em Dezembro de 2006, Eduardo Rodrigues, presidente da Obriverca, em declarações ao DN, até não se mostrou muito incomodado com o chumbo: "A alteração ao PDM, em 2004, confere direitos ao promotor".(Fonte)

2 comentários:

Anónimo disse...

A canalhice em letra de imprensa
ANTES DE mais e para que não restem dúvidas (se é que alguém as possa ter...) fica aqui bem claro que sou amigo, admirador e companheiro de muitas batalhas de Pedro Santana Lopes. Diga-se de passagem que há muitos e bons anos e cada dia mais com redobrado gosto e orgulho.
Mas - acreditem! - esses factos (ou no caso, sentimentos) não me impedem de classificar a manchete e respectiva notícia da edição de hoje do "Diário de Notícias" e em que, de forma abusiva e totalmente disparatada como, mais uma vez, o nome de Santana Lopes é envolvido em actos a que as próprias datas enunciadas no texto o colocam à margem, como o exemplo acabado do que é "má-fé" e total ausência de rigor jornalístico. E de como um estranho e acanalhado auto-intitulado "jornalismo de referência" se coloca descaradamente ao serviço venerando e submisso de quem, em tempos, lhes estendeu a mão, facilitando aquisições, vendas, permutas, no fundo as estranhas e confusas "negociatas" que ainda hoje permanecem confusas e, aparentemente, sem que ninguém tenha muita vontade em esclarecer...

Anónimo disse...

Pedro Santana Lopes foi ontem de manhã recebido pelo procurador-geral da República. Mal viu a manchete do Diário de Notícias – onde se lia «Santana e Carmona investigados por novas suspeitas de corrupção» – o ex-presidente da Câmara de Lisboa dirigiu-se à Procuradoria-Geral da República e pediu para ser recebido por Pinto Monteiro.
Apesar de não ter audiência marcada, Santana foi recebido de pronto. E, segundo o próprio revelou ao SOL, o procurador assegurou-lhe que não estava a ser alvo de nenhuma investigação. «O senhor procurador-geral da República garantiu-me que não havia nada. Não havia nenhuma suspeita nem nenhuma investigação dirigida por minha causa ou contra mim», adiantou ao SOL o ex-líder do PSD.

Os seus colaboradores mais próximos acreditam que estas notícias fazem parte de uma campanha para tentar descredibilizar a candidatura de Santana à Câmara de Lisboa.

Entretanto, o SOL apurou que Carmona Rodrigues e a sua ex-chefe de gabinete, Gabriela Seara, são suspeitos de corrupção, tráfico de influências e de participação económica em negócio por alegado favorecimento da empresa Lismarvila (grupo Obriverca), mas ainda não foram constituídos arguidos pelo MP.