Mostrar mensagens com a etiqueta Maçonaria. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Maçonaria. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Michel beneficiou durante anos de rendas da Câmara de Lisboa a preços sociais

Durante nove anos, o conhecido chef Michel da Costa, que está desde ontem preso preventivamente por ordem do Tribunal da Relação de Lisboa, foi inquilino de espaçosas instalações que lhe foram cedidas pela Câmara de Lisboa a preços sociais. A prisão preventiva foi determinada na sequência de uma mandado de detenção emitido pelas autoridades francesas, que estão a investigar o cozinheiro por suspeitas de fraude fiscal e branqueamento de capitais.

A defesa de Michel da Costa opôs-se à extradição do chef para França e tem cinco dias para fundamentar a sua posição, explicou ao PÚBLICO o presidente da Relação de Lisboa, Luís Vaz das Neves. Mesmo assim, a filha do cozinheiro, Nathalie Costa, acredita que o pai poderá ser libertado amanhã, adiantando que estão a ser reunidos elementos para demonstrar que não há perigo de fuga.
Maçon assumido, Michel instalou uma escola de cozinha em várias das lojas que a empresa municipal dos bairros sociais de Lisboa, a Gebalis, tem na freguesia de Marvila. Aos alunos dos cursos anuais eram cobradas mensalidades da ordem dos 650 euros, mas a renda que o chef pagava em 2011 à autarquia era substancialmente inferior: 382 euros por mês.

Câmara sem explicação

O PÚBLICO perguntou à vereadora Helena Roseta, responsável pela Gebalis, e ao presidente da empresa, Natal Marques, com que base tinha a Câmara de Lisboa entregue as lojas a preços reduzidos a uma sociedade anónima com fins lucrativos. Mas ninguém soube responder. Natal Marques diz que o primeiro arrendamento, firmado em 2003 com os seus antecessores, permitia a instalação no local da filial de uma organização internacional de cozinheiros. Era Michel quem presidia à filial.

Mais tarde abriu aqui uma escola de cozinha, que foi ampliando à custa de mais lojas arrendadas à Gebalis. Em 2010, fundou uma cooperativa, pedindo à câmara para transferir os arrendamentos para o nome desta organização, uma vez que a mesma não tinha fins lucrativos. Uma aluna de Michel conta que eram os estudantes que confeccionavam as refeições servidas pela empresa de Michel nos comboios Alfa Pendular Lisboa-Porto."Também chegámos a servir jantares da Maçonaria, que se realizavam na escola", relata a mesma aluna, que pediu o anonimato.

Michel entregou as chaves das instalações de Marvila à Câmara de Lisboa este Verão, deixando por pagar à Gebalis "um a dois mil euros", informa Natal Marques.
Contactada pelo PÚBLICO, Nathalie Costa disse que desconhecia a actividade empresarial do pai, não fazendo, por isso, qualquer comentário. Quanto à detenção, sublinha que nada tem a ver com a actividade do pai em Portugal, nem com uma queixa-crime que alguns alunos da escola de cozinha apresentaram contra o chef, que acusam de os ter burlado. A filha do cozinheiro conta que o pai foi notificado para prestar declarações em França, mas não compareceu. "Ele estava em Marrocos e não em Portugal e, por isso, não foi", afirmou Nathalie Costa. "Não pensou que era uma coisa tão complicada, se não tinha ido", acrescentou.
Nathalie Costa queixa-se que os advogados não conseguem saber nada sobre o processo francês e que o próprio pai foi surpreendido com a detenção. "Ele está completamente desorientado e perdido, porque não sabe do que se trata", afirma a filha. O chef, de 67 anos, foi detido anteontem pela PJ, ao mesmo tempo que um outro indivíduo de nacionalidade francesa, sócio do cozinheiro. (Público)

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Mataram o Rei!!!

Ainda corria o ano de 1907 e Portugal "entra" na ditadura franquista. D. Carlos empenhou-se e apostou no êxito - que esperava - João Franco viria a ter. Mas este iria governar com a oposição dos dois partidos monárquicos e do partido republicano. A 6 de Junho João Franco fez dissolver a Câmara de Lisboa. A medida só veio aumentar na população da capital o ódio contra o franquismo. D. Carlos era acusado de cobrir com o poder moderador, a ditadura. O director do jornal "A Beira" escrevia então: " Que Deus guarde a cabeça de El-Rei, que os homens não podem já salvar-lha".

No Outono de 1907, a cruzada da rainha D. Amélia contra Franco já não era segredo para ninguém. Por seu lado D. Carlos dava uma entrevista ao jornal francês Temps, em que afirmava não só, que não ia demitir o governo, como apoiava João Franco. Por esses dias, poder-se-ia descrever Portugal como " uma monarquia de antimonárquicos". Na corte o antifranquismo imperava: essa frente incluía a rainha, os palacianos, os altos funcionários "rotativos" para além do Partido Republicano.

Um acidente com explosivos a 17 de Novembro de 1907, deu-se na casa de uma amante do secretário de Alpoim. Francisco Grandela, amigo de Afonso Costa, financiava a compra de explosivos e armas.

A maçonaria, anarquistas, operários e oficiais do exército, todos conspiravam contra o regime. Neste crescendo revolucionário, e após contactado Afonso Costa, ficou acordado o levantamento para o dia 28 de Janeiro de 1908. Conspiravam carbonários, republicanos e dissidentes progressistas. A ideia seria o rapto (ou assassinato) de João Franco. Mas nessa tarde, Franco encontrava-se em casa da sogra e os revolucionários não o encontraram em sua casa. O movimento inusitado à porta do elevador da casa acabou por intrigar a polícia. Afonso Costa foi capturado pela polícia, num total de 120 detidos.

No Governo Civil a opinião geral era que ao invés de prenderem Afonso Costa, "deviam tê-lo deixado fugir".Mas o pânico na guarda municipal ainda era maior. "Só rebentam bombas em Lisboa quando Franco está no poder", era a palavra que corria na classe média. A 31 de Janeiro, em Vila Viçosa o Governo assinava um decreto para poder expulsar do reino os implicados na conspiração.
Correntes há que atribuem a morte de D. Carlos à assinatura do diploma. Mas é duvidoso que se pudesse evitar a tragédia.

O Regicídio já tinha sido previsto no romance " Marquês da Bacalhoa" , de Setembro de 1907.
Em 1903 aquando do assassinato da família real da Sérvia, nos jornais em Lisboa perguntava-se? "Quando se faz por cá o mesmo?"

O rei era o alvo, não João Franco.Os assassinos pertenciam a lojas maçónicas republicanas. Alfredo Costa era um activista, amigo de Aquilino Ribeiro que por sua vez era padrinho de um dos filhos de Manuel Buíça. Dia 1 de Fevereiro de 1908: a família real regressava de Vila Viçosa, de comboio. No Terreiro do Paço passaram para carruagens , em direcção à Praça do Município. O caixeiro Alfredo Costa saltou para o estribo da carruagem e disparou contra o rei.

Debaixo de uma arcada, Manuel Buíça, professor do ensino secundário, disparou contra o príncipe herdeiro D. Luís Filipe. D. Manuel também ficara ferido. O relógio marcava as cinco horas da tarde. O rei estava morto e o príncipe agonizava. A carruagem à desfilada, partia para o Arsenal.

Tivesse D. Carlos sobrevivido ao drama e será que teria havido o 5 de Outubro?

Bibliografia citada:
História de Portugal, vol. X, Joaquim Veríssimo Serrão
História de Portugal, sexto vol., direcção de José Mattoso, coordenação de Rui Ramos


Créditos: Águas Límpidas